“Ouvindo-o
Eliabe, seu irmão mais velho, falar àqueles homens que estavam consigo,
acendeu-se-lhe a ira contra Davi e disse: Por que desceste aqui? E a
quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua
presunção e a tua maldade, desceste apenas para ver a peleja” ... “Porém
disse Saul a Davi: Contra o filisteu não poderás ir para pelejar com
ele, pois tu és moço, e ele, guerreiro desde a sua mocidade” (I Sam.17:28,33).
Ninguém sofre mais do que quem está iniciando a carreira
espiritual, atendendo a vocação de sua chamada. Como acredito que todos
nós temos uma chamada específica dada por Deus, e confirmada ao longo
pelo Espirito Santo, creio que essa mensagem é para todos nós.
Creio
que a pior dificuldade são as resistências que nos opõem. E existem
duas pelo menos, que se não tivermos o devido cuidado para vence-las,
teremos nossa vocação destruída: A resistência interna – nossa família,
nossos irmãos sangüíneos e espirituais, e a resistência externa:
Lideranças espirituais, amigos e próximos.
O
cenário era o pior possível. Israel ainda estava num período de
transição do juizado para a monarquia. O escolhido fora Saul. Tinha tudo
para dar certo, mas não deu. O tiro saiu pela culatra. Saul havia sido
rejeitado pelo próprio Deus, que repreendeu Samuel pela condescendência
em relação ao desviado rei. Deus já não o queria mais, e já havia
escolhido seu substituto: Davi.
A
escolha de Davi foi algo típico de Deus mesmo. Só Ele pode fazer o que
foi feito. Contrariar Samuel que desejava o mais velho dos filhos de
Jessé, o belo Eliabe. Samuel assim estava cumprindo a própria lei da
primogenitura estabelecida por Deus. Mas o próprio Senhor foi taxativo: “...Não
atentes para sua aparência, nem para sua altura, por que o rejeitei,
por que o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o
Senhor, o coração” (I Sam.16:7).
Depois
de sete moços desfilarem pomposamente diante de Samuel, eis que o
escolhido foi uma pessoa fora do contexto. Alguém que não estava nos
planos nem da própria família. Estava tranqüilamente apascentando o
rebanho do pai. Ao chegar, Samuel não teve dúvidas, pois ungiu-o no
mesmo momento.
O que mais me chama a atenção, é a forma como a Bíblia detalha a sua unção: “Tomou Samuel o chifre de azeite, e o ungiu no meio de seus irmão...” (I Sam.16:13). (O
grifo é do autor). Isso certamente foi motivo de inveja e ciúmes de
seus irmãos mais velhos. Imagine, perder a oportunidade para aquele
pirralho que servia apenas para cuidar das ovelhas do pai. Mas a escolha foi do venerado profeta Samuel, portanto, inquestionável.
Daquele
dia em diante, nunca mais a vidinha de Davi foi a mesma. É bem verdade
que ele voltou para suas ovelhinhas no campo, e seus irmãos continuaram a
rotina de guerreiros do Rei Saul, mas lá no campo, junto ao rebanho
Davi começava a ter suas experiências com Deus.
RESISTÊNCIAS INTERNAS
Estoura
a guerra contra os filisteus. Como era de se prever, os três filhos
mais velhos de Jessé foram convocados, Eliabe, Abinadade e Sama. Davi,
serviria para levar comida a seus irmãos. Seria o “garçom-express”, o
entregador de quentinhas do pai (I Sam.17:17e18). Ofício que ele faria
com a máxima dedicação e cuidado. A cautela era tão grande que ao sair,
sempre deixava alguém cuidando das indefesas ovelhas (I Sam.17:20).
Em
uma dessas idas ao arraial, Davi se depara com um quadro aterrador: Um
monstruoso homem, desafiava as hostes de Deus, propondo um encontro
pessoal com qualquer guerreiro de Saul, que ousasse topar o desafio. A
cena até seria comum, se não fosse já a quarenta dias que o gigante
clamava, e ninguém se prontificava para desafia-lo. Isso era demais para
o intrépido Davi.
Nada,
mas nada mesmo fazia com que os guerreiros israelitas aceitasse o
desafio, nem a promessa de ser genro do rei e a isenção dos pesados
impostos nacionais, permitia alguém aceitar o desafio. Mas Davi, era o
homem certo no local certo, na hora certa.
Davi
trava um longo diálogo com os guerreiros locais, tentando entender o
que se passava e por que estavam amedrontados, até ser interpelado por
seu irmão primogênito, Eliabe. Nas palavras dele, dá para notar, todo o
ressentimento e mágoas que ele guardava do caçula: “...Por
que descestes aqui? E a quem deixastes aquelas poucas ovelhas no
deserto? Bem conheço a tua presunção e a maldade do teu coração, que
descestes aqui para ver a peleja” (I Sam.17:28).
Eram
palavras que mostravam rancor. Era difícil para Eliabe aceitar o fato
que aquele “pirralho”, aquele menino, havia tomado dele o direito ao
reino, afinal, ele era o mais velho da família, e viu, com seus próprios
olhos Davi sendo ungido rei: “...no meio do seus irmãos...”. Isso era demais para ele.
Existia
por parte de Eliabe, uma resistência incomum em relação a Davi. Talvez
seja isso caro irmão que você esteja passando. Uma resistência interna,
de seus próprios irmãos consangüíneos ou espirituais, que não aceitam o
fato de sua unção, afinal, eles estavam primeiros na “fila de Deus”.
O fato é que nem sempre Deus respeita a fila. Muitas vezes Ele próprio inverte a ordem, muda a posição, independente de qualquer coisa, afinal, unção e escolha divina, é algo inquestionável, é uma prerrogativa divina. Ele faz como quer: “...Não foi Esaú irmão de Jacó? Disse o Senhor, todavia, amei a Jacó e aborreci a Esaú...” (Mal.1:2e3). Por que? Ninguém sabe responder, são coisas de Deus. Ele faz como quer.
Se
você é um dos que estão enfrentando resistências, continue servindo ao
Senhor, e agradando-o em tudo, e se você é um dos que resistem aqueles
que Deus escolhe, a Bíblia tem uma lição. Deixemos a própria boca de
Deus falar: “Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E se não fizeres o bem, o pecado jaz à porta...” (Gen.4:7).
Mas o que fazer em meio a resistências internas? Fazer como fez o garoto Davi: “E desviou-se dele (de seu irmão) para outro, e falou conforme aquela palavra...” (I Sam.17:30) Davi
ignorou seu irmão, desviou-se dele e foi falar com outras pessoas. Em
outras palavras, Davi, nem “ligou” para o que seu irmão estava
insinuando naquele momento. Ele pode perceber as reais intenções de
Eliabe: menospreza-lo entre os soldados.
É
exatamente isso que você tem que fazer caro leitor. Desviar-se dessas
pessoas que te criticam, caluniam, injuriam e não aceitam a sua unção. O
que eles mais querem é questionar a unção sobre ti e o valor que ela
tem: “Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu é Deus” (II Cor.1:21). Não permita que nada, mas nada mesmo roube a convicção da unção sobre sua vida, nem mesmo seus irmãos.
O
que Davi precisava não era que seu irmão ouvisse suas palavras,
aceitando o desafio de Golias, ele precisava que alguém ligado ao Rei
Saul fizesse chegar a seus ouvidos sua intenção de lutar com o gigante. E
ele sabia que Eliabe, mesmo sendo seu irmão de sangue, jamais
permitiria que Saul ouvisse seu desejo de vencer Golias. O orgulho
próprio de seu irmão era demasiadamente grande para permitir isso.
Ele
então simplesmente vai falar a outra pessoa, que imediatamente fez
chegar aos ouvidos do rei, que manda chamar o pequeno mas ungido
guerreiro. A primeira resistência havia sido vencida, com Davi ignorando
seu irmão mais velho. Mas outra resistência viria.
RESISTÊNCIA EXTERNA
A
segunda resistência que ele enfrentou, é uma resistência comum que
muita gente enfrenta também, e a resistência externa, de pessoas de
fora, que talvez se deixam influenciar pela aparência. Enquanto que a
interna é mais por ciúmes ou inveja, a externa, é motivada pelo
desconhecimento das pessoas de nossa capacidade ou condições.
Imagine-se
no lugar de Saul, enfrentado uma pressão de quarenta dias, e você já
tentou de tudo para motivar alguém a lutar contra Golias, mas não
consegue ninguém disposto a isso. De repente você se encontra frente a
frente com um adolescente, com cara de inexperiente, dizendo-se disposto
a lutar e derrotar o gigante. Seria muito difícil você aceitar isso não
é?
Cadê
o “curriculum” do guerreiro? Cadê as experiências anteriores que o
credenciava a isso? Entra em cena então a perspicácia de Davi: “...Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele, teu servo irá e pelejará contra este filisteu” (I Sam.17:32) Trocando em miúdos, Davi estava dizendo: “deixa comigo rei. Vou mostrar para esse sujeito com quantos paus se faz uma canoa”.
Saul
tenta argumentar, mostrando a Davi sua inexperiência. O pequeno
guerreiro então resolve abrir o jogo, e conta ao rei, algo que ele nunca
revelou, nem mesmo a sua família: “...Teu
servo apascentava as ovelhas de seu pai, e vinha um leão ou um urso e
tomava uma ovelha do rebanho, e eu saia após ele, e o feria, e a livrava
da sua boca... Assim, feria o teu servo o leão como o urso, assim será
esse incircusiso filisteu como um deles, porquanto afrontou os exércitos
do Deus vivo” (I Sam.17:34a36).
Davi
lançou mão de um recurso que não havia se utilizado até então, contou
ao rei suas experiências secretas e pessoais com Deus: A derrota de
animais selvagens que ousaram apoderar-se do rebanho que ele cuidava.
Ninguém lerá em parte alguma da Bíblia, Davi fazer menção desse fato com
mais ninguém, a não ser o rei.
Querido
irmão, existem experiências que Deus te dá, que não devem ser
repartidas com qualquer um. São experiências para momentos específicos.
Quando você enfrentar resistências externas que virá de pessoas
investidas de autoridade espiritual, e que questionarão suas reais
intenções em relação a seus sonhos e desejos. É nesse momento que você
deverá apresentar seu “curriculum” espiritual.
EXPERIÊNCIAS SECRETAS COM DEUS
Jacó teve uma, no vau de Jaboque, quando deixou sua família sozinha e foi se encontrar com Deus do outro lado do vale: “Jacó porém ficou só, e lutou com ele um varão, até que a alva subia” (Gen.32:24).
Moisés teve seu momento a sós com Deus, em cima do monte Sinai: “...o povo não poderá subir ao monte... subirás tu e Arão contigo...” (Ex.19:23e24).
Josué teve seu encontro secreto com o anjo do Senhor, em que todo o plano de conquista de Jericó foi revelado a ele: “E
sucedeu que, estando Josué ao pé de Jericó, levantou os seus olhos, e
olhou, e eis que se pôs em pé, diante dele um homem que tinha na mão uma
espada nua...” (Jos.5:13).
Pedro,
Tiago e João foram ao monte da transfiguração com Jesus, e viu Moisés e
Elias, que falavam com Ele, ao iniciarem a descida do monte, receberam
de Jesus a ordem: “...A ninguém conteis a visão até que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos” (Mat.17:9). Experiências com Deus não podem ser contadas a esmo.
Paulo
foi levado ao terceiro céu, e viu coisas que aos ouvidos humanos não é
lícito contar, e para que não contasse, o próprio Deus interveio para
segura-lo em silêncio: “...foi me dado um espinho na carne...” (II Cor.12:7).
Caro
irmão, experiências com Deus são para ser contadas em momentos
específicos determinados pelo próprio Espirito Santo, para convencer
àqueles que nos impõe resistências. Foi assim que Davi conseguiu
convencer Saul, para lutar e vencer Golias. Tenha certeza que Deus irá
convencer aqueles que descrêem de sua unção, ainda que para isso Ele
tenha que lançar mão de seus meios especiais para isso. Que Ele te
abençoe muito.
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